O sino das ave marias ou da oração, tinha dado na torre da Sé a última
badalada, e pelas frestas e às portas dessa multidão de casas que, apinhadas à roda
do castelo e como enfeixadas e comprimidas pela apertada cinta das muralhas
primitivas de Lisboa, pareciam mal caberem nelas, viam-se fulgurar, aqui e acolá, as
luzes interiores, enquanto as ruas, tortuosas e imundas, jaziam como baralhadas e
confusas sob o manto das trevas.